Eis o recado que se encontra afixado na porta da direção do nosso clube e que surgiu no âmbito de um furto àquelas instalações.
Após aturada pesquisa ao cancioneiro popular e face à análise de qualificação do extrato literário referenciado, fica irremediavelmente de fora, pela falta de requisitos, respetiva analogia quer às cantigas de amigo, quer às de escárnio e maldizer (apesar de eventual proximidade a estas últimas).
Imbuídos de alguma literacia e numa perspetiva lírica, debrucemo-nos, em síntese, à decomposição de cada frase:
1.ª: Identificação, com recurso à adjetivação e ainda que em abstrato, de um dos pressupostos essenciais da oração: o sujeito. Do género masculino, nomeadamente a alguém que se dedica à pratica do roubo ou furto.
Ainda que precedida de abreviatura demonstrativa de alguma polidez e cortesia, a utilização da palavra ladrão em detrimento de outros sinónimos tais como larápio ou gatuno, parece acentuar a ideia de uma maior reprovação social, ficando vincada a respetiva graduação antagónica.
Note-se a dimensão visual do termo pela utilização de maiúsculas a negrito sublinhado.
Ainda que precedida de abreviatura demonstrativa de alguma polidez e cortesia, a utilização da palavra ladrão em detrimento de outros sinónimos tais como larápio ou gatuno, parece acentuar a ideia de uma maior reprovação social, ficando vincada a respetiva graduação antagónica.
Note-se a dimensão visual do termo pela utilização de maiúsculas a negrito sublinhado.
2.ª: Convite velado a eventual acesso, com utilização de vocábulo formal, de pronome de tratamento usado quando alguém se dirige a outrem, mas que obriga à concordância com o verbo na terceira pessoa.
Para que melhor se entenda, trata-se da contração de vossa mercê ou vossemecê que, em certas regiões de Portugal, é considerado depreciativo, diminuidor, como que dirigido a pessoas de condição inferior. Crê-se ser o caso.
3.ª: Utilização de ironia para com o sujeito, pela existência de um ato posterior, futuro, no caso uma caução, uma garantia, que desvaloriza a sua ação dolosa ou intenção aparentemente penalizadora.
4.ª: Repetição do vocábulo utilizado na 2.ª frase, seguido de nova verbalização na terceira pessoa, todavia pelo uso de dicção de intensidade dramática, num claro alerta para a possibilidade de desfecho trágico para o sujeito. À semelhança da 1.ª frase, é novamente utilizada parte da técnica de ampliação visual nos caracteres empregados.
A conclusão parece óbvia: trata-se de uma estrofe em quadra, constituída por 4 versos brancos ou soltos, já que os mesmos primam pela ausência de rima.
Digamos que, a linguagem é utilizada com fins estéticos, onde se retrata algo que pode eventualmente acontecer, dependendo tanto da imaginação do autor como da do leitor.
Poesia, meus caros.
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