Como eu espero que V. Exas. já tenham reparado,
desde o início deste ano, decidi enveredar pela aplicação do novo acordo
ortográfico. Exato. Desse que já atingiu a maioridade.
Com maior ou menor resistência e dificuldade,
concordando-se ou não, adotei-o e fi-lo sobretudo por questões de atualização e
modernização. Afinal, nos píncaros dos extremos, o Olheiro mais não faz que
serviço público e, nessa perspetiva, a obrigatoriedade reporta efetivamente a
01.01.2012, o que também perfaz o requisito da legalidade.
Todavia, a transição não está isenta a criticas,
objeções e confusões até.
Exemplo: Guarda-redes.
Com ou sem hífen? Guarda-redes,
guardaredes ou guarda redes, hein? Solução: fica na mesma. E a explicação? Ui…
preparem-se, que a probabilidade de ficarem igualmente na mesma não é pequena:
permanece o hífen nas palavras compostas por justaposição, que não
contêm formas de ligação e cujos constituintes, por extenso ou reduzidos, mantêm
a autonomia fonética e conservam o seu próprio acento.
Por vezes, só uma leitura mais atenta (e morosa), pode ajudar a desvendar as premissas que estão subjacentes ao nexo das alterações em causa, pelo que não admiram os mais de 20 anos de discussão que
se vislumbram concluídos até 2015…
Então e o goleiro, o zagueiro (ou beque), o
volante (ou cabeça de área), o meia-armador (ou meia-de-ligação ou apoiador),
ponta e centroavante, não passam a guarda-redes, a central, a médio
defensivo/trinco, a médio atacante, a extremo e a ponta de lança,
respetivamente?
Não, mantêm as suas "posições" de
raiz. É que o acordo ortográfico não
altera significados, não suprime nem cria novas palavras, apenas altera a forma
como se escrevem, visando a sua uniformização, mas só nas palavras que já
existem.
Assim, da mesma forma, os brasileiros vão
continuar a preferir usar o gerúndio, apanhar o trem e o ônibus
e, nós, a privilegiar o modo infinitivo, o comboio e o
autocarro, respetivamente. A sua utilização será feita de acordo com os usos e
costumes de cada país. Tecnicamente, querendo, podemos aplicar
qualquer um vocábulos referidos (encarados como que sinónimos), mas a sua
utilização só fará sentido em consonância com os hábitos instalados, em função
do território onde nos encontramos.
Salvaguardando algum desconhecimento da
totalidade das normas aplicáveis, admito a introdução de alterações, tais como
a supressão de consoantes mudas ou não articuladas, porém, noutras reconheço
algum ceticismo, como são o caso da determinação do uso facultativo para certos
vocábulos, no que concerne à utilização de maiúsculas e minúsculas e/ou acentos
gráficos, numa aparente espécie de "vocábulo faça você mesmo".
Para já, nada como um bom corretor ortográfico, que o hábito trata do resto.
Polémicas
à parte, reservas aqui e ali, vaticino um "no início estranha-se, depois
entranha-se".
Digo mais: há anos que o Batista se separou do p
e que o Vitor perdeu o c e, segundo consta, sobreviveram. Palpita-me que
nós também.
Phorça, equipa!
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